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Associação dos Procuradores do Estado do Rio Grande do Sul

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Fabiana da Cunha Barth: “Representatividade como substantivo feminino”

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Fabiana da Cunha Barth, Procuradora do Estado e Diretora-Presidente da ESAPERGS
Artigo publicado em Zero Hora em 11/10/2022

O Rio Grande do Sul inúmeras vezes é referido como um local repleto de mulheres que preencheram os mais universalizáveis requisitos para serem consideradas belas. Nessa linha, Gisele Bündchen foi a modelo mais bem paga do mundo por oito anos consecutivos, segundo a revista Forbes. Mais remotamente, tivemos Ieda Maria Vargas, conquistando o título de Miss Brasil e de Miss Universo, na segunda metade do século XX.

Desde 1963, quando tivemos “a mais célebre Miss Universo que o país produziu”, até hoje, houve muitas mudanças, da consolidação do voto feminino até a garantia do financiamento de candidaturas de gênero, passando, para não falar apenas de flores, pelo aumento das taxas de feminicídio. E chegamos às eleições gerais do último domingo, que serão lembradas como o melhor resultado das urnas no que diz com a presença feminina no seu Parlamento Gaúcho e também no que diz com a questão racial.

Assim, das 55 cadeiras na Assembleia Legislativa Gaúcha, teremos 11 Deputadas Estaduais, sendo esta a maior bancada feminina e, tendo, dentre estas, a que alcançou a segunda maior votação no Parlamento para os próximos quatro anos. Duas Deputadas eleitas são negras, o que também é fato inédito. O Rio Grande do Sul contará, na sua bancada federal, com seis Deputadas, sendo uma delas, pela primeira vez na história, negra. A bancada feminina no RS cresceu!

As mulheres gaúchas ainda estão longe de terem a representatividade nos parlamentos proporcional à população feminina – segundo dados do Atlas Econômico do Rio Grande do Sul, a população gaúcha tem predominância feminina -, mas alcançar aproximadamente 20% de presença nesses espaços é um avanço e é digno de destaque.

O resultado das urnas no RS demonstra que, para muito além de padrões de beleza, podemos ser modelos de força política, de inclusão e de representatividade. A vitória não é apenas das mulheres, e menos ainda apenas daquelas e daqueles que acreditam na igualdade entre homens e mulheres. Essa vitória é de toda a sociedade e traz esperanças de que a política pode ser feita sem discriminação mas, essencialmente, com valores republicanos e democráticos, com ética, diálogo e seriedade.